sexta-feira, 27 de junho de 2014

 Sabe do que eu tenho vontade? De sumir!
 Sério, ir embora mesmo, mas pra bem longe, sem ninguém, sem documento, deixar pra trás até meu nome se for preciso. Respirar novos ares, conhecer gente nova e mergulhar em uma vida completamente diferente. Tenho absoluta certeza que todo mundo já deve ter se sentido assim pelo menos uma vez na vida. Sei lá, tô numa monotonia tão profunda que a qualquer momento eu vou acabar surtando. Tudo o que eu planejei pra mim até aqui fracassou. As pessoas que eu achava que estariam do meu lado para o que der e vier viraram as costas pra mim no momento em que eu mais precisava de ajuda. Meus 18 anos vieram acompanhados de dúvidas, vontades absurdas e muito, muito medo de continuar. Agora, eu entendi que a vida é muito mais dura do que eu imaginava. Eu não tenho um adulto pra me aconselhar, sabe? Me dizer o que fazer, ou simplesmente me abraçar e repetir várias vezes que vai ficar tudo bem.
 

terça-feira, 1 de abril de 2014

 Em um período da minha infância conturbada eu fui criada em uma cidade pequena, no interior do Paraná, por uma mulher forte, sábia e humilde. Essa mulher me ensinou muitas coisas, coisas que não se aprendem na escola, que ela não frequentou se quer um dia da vida dela, nem o nome aprendeu a escrever. Mas ainda assim foi a melhor professora que a vida me deu. 
 Com ela aprendi valores, aprendi que a fé é a arma mais poderosa do mundo e aprendi como deve ser o amor de uma mãe. Aprendi que não devemos baixar a cabeça nunca pra nenhuma dificuldade, e que mesmo que pareça impossível continuar devemos permanecer lutando. Aprendi que inteligência e sabedoria são coisas muito diferentes, aprendi que pequenas escolhas feitas num passado muito distante podem mudar sua vida pra sempre. Aprendi que Deus é o melhor amigo que podemos ter... Ela também me ensinou que nunca devemos alimentar raiva e rancor no nosso coração, pois isso só vai afetar a nós mesmos. Me ensinou que muitas vezes é melhor permanecer calada diante de ofensas. E ela secou muitas lágrimas minhas...
 Minha vó é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. E ela tá indo embora... 
 Nos últimos meses ela ficou doentinha, e o estado dela só piora. Eu acredito que ela esteja quase no fim da jornada. E eu não vou mentir: A ideia de enterrar ela me apavora. Eu queria falar coisas mais bonitas, sabe? Queria que esse texto fosse emocionante, queria que ela sentisse orgulho de mim caso ouvisse essas palavras... Mas não consigo me expressar. Só posso dizer que a amo demais, e que boa parte do meu coração vai junto com ela. Posso dizer também que em minha memória ela vai permanecer viva, sempre. E que quando eu pensar nela vou me sentir como a criança que eu era quando ela me criou. Por que quando eu estou com ela eu me sinto uma criança, eu tenho tanto respeito por ela, tanta admiração. Como se ela tivesse um ar de majestade, sabe? Pois eu sei que por dentro do corpo cansado tem uma alma guerreira, que está pronta pra partir para outro lugar. Quem sabe para ser recompensada por ter levado uma vida tão dura ou quem sabe para apenas descansar, só descansar...